Histórico

O Arquivo Edgard Leuenroth (AEL), Centro de Pesquisa e Documentação Social, Iniciou suas atividades em 1974 com a chegada da coleção de documentos impressos reunidos por Edgard Leuenroth, pensador anarquista, militante das causas operárias, linotipista, arquivista e jornalista por ofício e paixão. Tais fontes foram adquiridas à época pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),  com o intuito de constituir um centro de documentação que possibilitasse o acesso às fontes primárias necessárias aos trabalhos do então recém-criado programa de pós-graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Este acervo inicial atraiu para a instituição outros ligados à história do movimento operário e da industrialização no Brasil.

Com a redemocratização do país e a crescente ampliação e diversificação das linhas de pesquisa da pós-graduação do IFCH, os dirigentes do AEL passaram a captar conjuntos documentais representativos do momento de efervescência da sociedade: vieram para o Arquivo acervos do movimento feminista, homossexual e estudantil, de organizações populares e daquelas ligadas à luta pelos direitos humanos e democracia, além de setores expressivos da cultura nacional. No final do século XX e início do novo milênio, os programas de pós-graduação e os projetos desenvolvidos pelos centros e núcleos do IFCH dotaram o AEL de fontes de pesquisa sobre o Brasil do século XIX ao adquirirem da Fundação Biblioteca Nacional microformas de periódicos deste período. O pesquisador agora não necessitava ir ao Rio de Janeiro para acessar esses documentos. Chegaram também ao AEL fontes de pesquisa sobre a África, Ásia e América Latina, adquiridas por meio do projeto FAP-Livros, obras que hoje podem ser consultadas pelo catálogo online do Sistema de Bibliotecas da Unicamp.

Recentemente ganham força no AEL quatro temáticas: a antropologia, o mundo do trabalho, o movimento negro e homossexual. Os acervos da antropologia começaram a ser organizados, como os de Verena Stolcke, Donald Pierson e da própria instituição que agrega os antropólogos: a Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Entre 2019 e 2020, o AEL captou acervos pertencentes aos antropólogos Antônio Augusto Arantes e Mariza Corrêa.

A outra temática refere-se à história do trabalho livre, compulsório e escravo na atualidade, que chegou à nossa instituição por meio das parcerias desenvolvidas com o Centro de Pesquisa e História Social da Cultura (Cecult). São documentos resultantes de atividades administrativas de investigação e de acompanhamento conduzidas pelos Procuradores do Ministério Público do Trabalho da 15ª região, que compreende Campinas e outros 598 municípios do estado de São Paulo.

Este mesmo centro de pesquisa, mais uma vez financiado pela Fapesp, trouxe também para o AEL acervos de clubes e agremiações de negros do estado de São Paulo, que por meio de associação de ajuda mútua, divertimento e educação resistiram e existiram ao modelo de sociedade vigente. Há  um esforço por parte dos dirigentes do AEL em tornar o Arquivo um polo de pesquisa, formação e difusão da temática movimento negro, trazendo para a sua sede, em parceria com outros centros de pesquisa, acervos desta área.

A temática homossexual é revisitada com a organização dos acervos de João Antônio Mascarenhas, Paulo Ottoni, Grupos SOMOS e Grupo Outra Coisa, depositados no AEL em décadas passadas, além do recém incorporado Grupo Identidade. Em 2018, após o Arquivo ter sido contemplado pelo Programa Internacional Iberarchivos, esse último conjunto pôde ser completamente organizado e inventariado.

Com sede própria, aproximadamente 1.430m², o AEL atinge a expressiva marca de 150 fundos e coleções, traduzidos em diferentes suportes documentais. Em 2020, são quase 2 mil metros lineares de documentação textual; 100 mil fotografias, mais de 50 mil livros; parte catalogados no base Acervus do Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU); 15 mil títulos de periódicos; 12 mil rolos de microfilmes; 4 mil microfichas; 367 CDs; 600 DVDs; 2 mil vídeos VHS e 2.537 fitas cassete.

A criação do Laboratório de Digitalização em 2011 permitiu iniciar o trabalho de digitalização da documentação organizada. Atualmente o AEL está trabalhando em conjunto com os demais arquivos e centros de documentação da Unicamp na implantação do Sistema Informatizado de Acervos Permanentes (ReDiSAP) com vistas ao acesso e preservação dos documentos digitais e digitalizados que custodia.

Por fim, todo este trabalho, desenvolvido por uma equipe qualificada, aliada a um grupo de professores que realizam suas pesquisas no AEL, trabalha para preservar o caráter público do ensino, da pesquisa e da extensão universitária, bem como a preservação da autenticidade e da integridade do patrimônio documental, garantindo às futuras gerações o direito à sua memória. Vale lembrar que o acesso a todo este patrimônio documental é público e gratuito.


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